A relação entre pontos traumáticos e o "sujeito transcendental", é para a psicanálise uma relação determinante para o processo de superação e maturação do sujeito. Mas, devido algumas experiências e algumas leituras de Freud e Herbert Marcuse, fez surgir por meio de um insight o questionamento sobre a possiblidade do rechaçamento dos traumas já que este parece-me a tarefa última da psicanálise. E, tentarei explicar aqui a oposição a este modelo constituído pela psicologia, advogando a favor de que a psicanálise, enquanto seu fim último, a saber, a pulverização das lesões - se frustra.
No interior da psicanálise, sua tarefa parece constituir-se na tentativa de pensar o sujeito psicológico e os traumas numa relação que tem por objetivo uma racionalidade antitética. Trata-se de reavaliar, por meio de introspecção, a dialética histórica dos contéudos idênticos do sujeito na tentativa de resgatar e trazer ao momento presente na consciência as lesões apresentadas nesta história mantidas neutras no inconsciente e que representaria a lacuna na formação do superego, para que nesta espécie de iluminação momentânea das lesões, que se colocam a frente, sejam posta no filtro do movimento de expurgação, há uma manobra feita para o rechaçamanto das lesões afim de que haja o instante de superação deste sujeito. Mas, ao que parce este momento da dialética antitética não acontece.
Para se ter uma idéia mais clara do problema proposto é preciso pensar por um momento o caráter ontológico do sujeito, tanto no contexto da libertação das lesões enclausuradas no inconsciente, quanto na reflexão para a superação. Ao tentar isolar os conteúdos históricos que criam um abismo na construção idêntica do sujeito trazendo-os à consciência para que, esta faça o trabalho de expurgação, a tarefa apresenta sua inefabilidade na configuração ontológica, pois apresenta o oco que proíbe a purificação das lesões. Este é exatamento o problema apontado à Psicanálise. O conteúdo traumático dispensado no discurso superativo da psicanálise, não atinge seu ponto abstrato o que torna uma pretensão encantatória da Psicanálise que performa o rechaçamento.
O que esta em jogo aqui e justamento o rechaçamento, pois não há a manobra feita para retirar do sujeito psicológico os traumas. No momento em que o sujeito torna consciente seus pontos traumáticos afim de superá-los ele passa a direcionar todas essas lesões como fundamento dominante de suas ações futuras. Um dos frutos para que a superação aconteça; as lesões devem aparecer justificando as novas ações e impedindo ações não-padronizadas que tinham como causa os traumas. A figura de expurgação e, portanto, da negação das lesões sobre a qual a tarefa da psicanálise conduz, dá um sentido frustrado enquanto seu fim último que se apoia no recurso da dialética antitética que opera como construção do sujeito matando os traumas.
A proposta aqui se apresenta, baseada no pensamento de que os traumas e lesões não morrem, sendo estes materias que se põem resistindo - como uma outra linguagem da psicanálise que coloca o caráter afirmativo das lesões como nova função no confronto com a superação que não acaba na irrupção destes materiais.
Isso se a sua vontade de potência não foi também destruída juntamente com o trauma. Caso essa potência de vontade tenha sido afetada, dependendo do tamanho da "lesão" esse sujeito passa simplesmente a deixar a vida passar, ou como diria Raul Seixas, "esperando a morte chegar".
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