A modernidade, que tem seu marco com entrada da tecnologia, trouxe
ao ser humano facilidades materiais que auxiliaram no progresso científico e
sócio-político. Contudo, ao indagar a valorização desta racionalidade, surge o
questionamento sobre o progresso da humanidade. Ora, se o conceito de progresso
implica a inerência de um desenvolvimento como fio condutor ao avanço
(diante), é possível pensar numa determinação aquém da libertação de mitos que cercam a
espiritualidade (razão e consciência)? A humanidade produz tecnologia para
atender suas necessidades e traz com ela o poderio sobre a natureza que coloca
o homem numa posição historicamente polêmica.
O conhecimento humano quebrou os paradigmas de uma cultura carregada de
dialética religiosa que, até então, destinava o homem a inferioridade.
A ciência rasga a cada momento o véu do mundo libertando o homem das leis naturais e, mostrando sua autonomia e interferência sobre o percurso desta, principalmente quando se trata da engenharia genética. Mas, ao resgatar uma ciência, como a ética, que coloca o comportamento do homem como objeto, esta parece criar um abismo a qualquer tipo de racionalidade. Do que adianta o homem criar asfalto retirado da queima do petróleo para facilitar o tráfego de Rolls-Royce se não podemos trafegar com tranquilidade e liberdade sem riscos de violência?
Para se ter uma ideia mais clara sobre o que se encontra em causa aqui, examinemos por um momento a relação de intersubjetividade. Observamos várias teorias de relações humanas que frente a prática parece cair num reducionismo, pois suas reflexões enredam os resultados à inevitáveis tautologias. Toda racionalidade humanitária, ao recorrer sobre seus projetos, determinam o indivíduo pelos princípios de razão, vontade e liberdade. Mas, os fatos demonstram a inefabilidade desta racionalidade, pois ao colocar a essência do homem enquanto algo ontologicamente racional e livre, configura-se num sentido travestido que proíbe qualquer explicação positiva, já que a realidade demonstra uma “relação humanitária” autoritária que impõe à esta mesma essência uma determinação coisificada e que, portanto, trata o homem como um objeto inerte.
Vemos a ciência conquistar a revolução, através da tecnologia, como produção em massa de alimentos; vemos, também, a engenharia genética, graças ao pensamento humano, produzir alimentos geneticamente modificados que suportam ao ataque de pragas. No entanto, ainda vemos pessoas morrerem de fome.
Podemos falar realmente de progresso e evolução, se os valores humanitários perderem-se diante da valorização do saber técnico? Este último, não deveria trazer a facilidade e com isto a felicidade fundamental pra vida humana?
Esta é a lógica do tecnicismo que tanto celebramos com aplausos.
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