terça-feira, 28 de dezembro de 2010

Harmonia e Regularidade



Depois de muitas leituras de Hume sobre causalidade e o hábito, me questionei sobre o conceito de regularidade e harmonia. Estas, ao meu ver, aparecem no interior da experiência científica na busca da objetividade. Ora, a ciência moderna aplica seu método como uma fórmula na busca do resultado já pré-visto, caso o resultado não atinge o esperado, pode-se considerar como erro, mas aqui o errado é tudo aquilo que sai do contexto do pré-visto e, será que tudo que sai do horizonte do conceito de regular e harmônico pode ser conciderado um erro?

O cientista toma como pressuposto a natureza como perfeita que urde do conceito de regularidade e harminia, portanto, o objeto da natureza é imperfeito quando não corresponde com este ideal. Mas, de fato, é um ideal. O conceito de regular e harmonia não é uma propriedade de qualquer objeto que seja e que nos leve a atribuir que seja da natureza deste. Portanto, não é deste último isolado que retiramos estes conceitos, mas sim da faculdade lógica da mente que podemos inferí-los. Como sabemos, a representação de um objeto é espaço-temporal, como também, que pela intuição do tempo que percebemos as mudanças, o que faz com que inferimos que uma larva que vemos num determinado tempo conserva sua identidade num tempo posterior em que se transforma numa borboleta, caso contrário, não poderiamos inferir que a larva e a borboleta é a mesma durante sua mudança. É desta capacidade lógica do entendimento que podemos inferir um movimento de transformação da borboleta e que é "igual" em outros casos o que torna este conceito de transformação algo regular e harmônico. Em outros termos: a experiência dos estados repetidos de mudanças no tempo, percebidos em circustâncias distintas mas de mesma espécie engendra a universalidade, ou seja, a permanência dos resultados sempre iguais. O que traz à luz o pensamento humeniano do hábito de sempre esperar o mesmo resulto, da necessidade do efeito possuir a mesma causa.

Aqui já clareia o eixo de todo discurso. O que encontra-se em causa aqui é, depositar no conceito de harmonia e regularidade todo grau de objetividade para dar conta de questões científicas é edificar toda verdade em muros de bases tênues. Ora, eu não posso tomar categoricamente os conceitos de harmonia e regularidade e aplicá-los no interior de uma fórmula para chegar a uma verdade empírica, isto não se aplica em todos os casos. Para se ter uma idéia mais clara do pensamento que procuro por em movimento aqui é que, não podemos inferir de todos os casos que algo ou alguém é imperfeito ou anormal, já que tomandô-os como objetos não correspondem com os conceitos de regularidade e harminia. Em outros termos: não se pode inferir anormalidade ou imperfeição de objetos que escapem ao príncipio de perfeição, já que como quis demonstar o conceito de perfeição é tecido num corpo ideal e habitual de regularidade e harmonia. Recorrer à este princípio para explicar algo é cair - em certos casos - no erro, ou seja, se precipitar no juízo de um conceito; de um pré-conceito.

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